Tenho para mim que sou daquelas pessoas com um campo electromagnético extra-potente, daqueles que provocam black-outs ao mínimo ataque de fúria. À la super-herói que não controla os poderes, como se vê nos filmes.

Seria, pelo menos, uma razão bem mais cool para explicar o meu incansável, sempiterno efeito nefasto em tudo quanto é tecnologia. Palavra de honra que, quando estou por perto, as coisas avariam-se espontaneamente. Sobreaquecem, descomunicam, explodem. Do nada.

Há bocado irritei-me com a pastelice do meu Renault Clio e foi suficiente para ele se largar em espasmos. Não foi a primeira vez que isto aconteceu. Perdeu o fôlego, começou aos soluços – um po po po po po extremamente alarmante – e de repente já só andava aos solavancos, tipo Snoop Dog pimp my ride.

Eu até convivia bem com isso, não fosse o facto de o espelho direito estar preso apenas e só por um pequeno tendão de fita-cola – essa história fica para outro dia – o que dificulta a parte de ver com clareza num carro aos pinotes.

A sério, isto assim não é viver com dignidade. No outro dia foi o Toshiba – bastou um olhar furtivo para ele congelar e ficar em loading eterno na mesma página. E no outro dia foi a TV que des-sintonizou do nada. E daquela vez em que bastou tocar para o telemóvel colapsar.

Alguém que me ajude a controlar este super-poder. Uma leve irritação bastou para mandar o Clio para cuidados paliativos. Agora imaginem um ataque de fúria. Não vai haver lugar para todos nas sucatas deste país.