Deixar ridículos restos de comida no frigorífico.
Falo daquela meia fatia ressequida de queijo flamengo.
Falo das 11 gotas de leite a povoar o fundo do pacote, que uma pessoa agarra na embalagem e o braço até sai disparado à espera de levantar mais peso mas não porque aquilo é basicamente cartão molhado.
Falo de um só espargo a rodopiar num frasco vazio.
Falo de um somítico restinho de cereais solitários no pacote que dão para contar a olho nu porque são tipo 17 e o pequeno-almoço fica só a parecer uma tigela de leite com acne.
Falo do fatídico híbrido que é abandonar 1/8 de porção de bacalhau com natas num tupperware à larga, um máximo de 3 garfadas que mereciam ter sido glorificadas na refeição anterior já que agora NÃO DÃO para absolutamente mais nada, perderam o seu propósito de vida.
Não chegam para uma refeição, não são propriamente um canapé viável para o lanche, não dão para barrar numa torrada de Panrico.
E tudo porquê?
Porque é mais fácil fingir demência e procrastinar do que enfrentar (ler com entoação Artur Albarran) a tragédia, o drama, o horroooooooooor…
…que é um tupperware vazio e sujo.