Agora a sério isto de ter uma Go Pro dá um estilaço, uma pessoa anda com aquilo agarrado à cabeça, ao peito, à bicicleta e sente-se bestialmente aventureira, tipo como quando usávamos aquelas calças da Coronel Tapioca e estávamos prontos para galgar o mundo, fosse de calças ou calções, com 1089 bolsos e bolsinhos para o que desse e viesse.
Mas ser dona de uma Go Pro não é para mim, está visto.
Eis o que consegui filmar até agora:
. Vídeos com movimentos de câmara tão epilépticos que dão vontade de bolçar ao fim de 2 minutos a ver;
. Vídeos com a caixa à prova de água completamente embaciada, ou seja borrões de cor em movimento
. Selfies de 3 minutos com cara de parva porque afinal estava em modo vídeo
. Vídeos com o dedo a tapar metade da imagem
. Vídeos de mergulhos que nunca apanham o que interessa mas captam sempre aquela maminha marota a espreitar pelo biquíni em desgoverno
. Vídeos debaixo de água em que acho que estou a filmar coisas interessantíssimas mas na verdade estou a filmar os insectos mortos no filtro da piscina (infelizmente não consigo abrir os olhos debaixo de água)
. Vídeos que tinham tudo para ser lindos se não se descobrisse depois que tinham uma gota de água monstra mesmo no meio da lente, a estragar o plano todo
. Vídeos de, achava eu, belíssimos momentos de snorkeling com peixes coloridos e exóticos, e eu radiante por ter apanhado tudo com a Go Pro na cabeça, mas quando chego a casa e vou vê-los constato que toda eu estava dentro de água menos a Go Pro, que ficou cá fora tipo barbatana de tubarão, a filmar a superfície da água (que é, de resto, um filme de 1h35m extremamente interessante). E os poucos peixes que apanhei sem querer estavam tão longe e tão desfocados que podiam ser tainhas do Tejo.