Cliché do Insta: “Eu a ser epicamente saudável como se pode constatar por este pequeno-almoço à base de granola, iogurte natural, fruta, antioxidantes e outras coisas que fazem fazer imenso cócó – todas confeccionadas sem glúten, lactose, açúcar ou qualquer tipo de felicidade – com um ou outro bibelô fofinho completamente aleatório a dar aquela patine decorativa que fica tão bem no insta (nesta obra pus o que tinha à mão, à falta de ramos de alfazema seca, velinhas com cheiro ou um labrador a aconchegar os pés).
Hashtag #morning, #ilovemylife, #carpediem como se os meus pequenos almoços fossem o momento alto do dia em toda a sua tranquilidade, esplendor e glamour, e não 3 sôfregos minutos de um mau humor grotesco a tentar enfiar 2 torradas mal paridas pelo goto e mandar um penálti numa caneca de café a ferver com um palavrão por queimar a língua, de pé e a correr pela casa, cabelo molhado e tão cheio de nós que mais vale deixar formar rasta, mil coisas nas mãos, torrada equilibrada na boca, conduzir na bisga e encher o carro de migalhas com glúten, chegar ao trabalho esbaforida, desgrenhada e com hashtag #ihatemylife, naquela de tentar não ser despedida por mais um atraso injustificado de 25 minutos.
Ah, e como se num mundo ideal não fosse 1000 vezes preferível substituir um pequeno almoço de alpista por 4 croissants com manteiga e um café com leite daqueles que demoram 9 dias a digerir.