“Hmmm. Será aquele chapéu verde? Não, aquele vulto parece-me demasiado obeso para ser a minha mãe. E o fato-de-banho dela não é daquela cor. Não os vejo em lado nenhum, a corrente deve-me ter puxado para longe. Ah, acho que são eles ali, vou andar nesta direcção. Nop, era uma família de cabo-verdianos. Será aquele chapéu verde ali? Sim, aqueles vultos desfocados podiam ser os meus irmãos. Vou aproximar-me e invadir o seu espaço vital de forma creepy para conseguir focar as caras. Nop, é um casal de idosos. E aquele chapéu ali? Vou lá mais perto. Naaaaa, o nosso chapéu não dizia “Trinaranjus”. Ah, acho que aquele ali é o meu irmão. Vou dizer adeus a ver se responde. Disse-me adeus de volta, são eles de certeza, vou andar para lá. Afinal não, era o nadador-salvador a vender um toldo a uns senhores. Rio-me para eles, naquela de disfarçar. Fico à espera de reacção mas na verdade não sei se eles se estão a rir de volta (ou sequer a olhar para mim). Disfarço, continuo a deambular pelo areal. Fónix, não há uma única bola insuflável da Nívea para me orientar. E entretanto já me afastei quilómetros do ponto de partida. Se calhar já estou noutra praia. Ou noutra dimensão, tipo Inception. E agora há tipo 176 toldos verdes iguais ao meu. Pode ser qualquer um. Se calhar fico só aqui parada para sempre, à espera que alguém dê pela minha falta. Talvez me encontrem, talvez não. O máximo que pode acontecer é falecer e o meu corpo ser devorado por navalheiras.”
Este é o relato verídico da vossa amiga Bumba a tentar voltar para o guarda-sol depois de um mergulho no mar numa praia lotada, sem lentes de contacto e com 3,5 dioptrias em cada olho.
Pff please…10,5 dioptrias em cada olho e sei sempre onde está o meu chap… er nope, era afinal uma familia de portugueses e a minha é de Cabo Verde. Yap, been there 😃