Quando o Senhor do Bonfim mandava em nós

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E aquela moda de tempos passados da pulseirinha do Senhor do Bonfim?

Aquele ritual de passagem super-fixe para fazer com as BFFs na idade do armário cada miga com uma cor diferente.
3 nós, 3 desejos, e depois era “só” esperar que se desintegrasse e caísse.
Passado uma semana já não podíamos com aquilo.
Passado 1 mês descolorava e passava a ser uma pulseira do S N O D BO FI .
Mas cortar dava azar por isso lá nos resignávamos e passávamos a encarar aquilo como uma espécie de prótese durante anos, no liceu, viagem de finalistas, praxes, faculdade, primeira entrevista de trabalho… sempre com Salvador da Bahia a sambar à força na nossa mão ou pé.
As mães desesperavam e perseguiam-nos de tesoura em riste. Mesmo com a toilette mais chic de casamento, a pulseirita sozinha conseguia dar aquele seu toque de varina pé-de-chinelo.
E 9 anos mais tarde continuávamos nós com aquilo preso ao pulso, já reduzido a um farrapo carcomido, a minar qualquer chance de sermos levadas a sério na vida adulta.

E o problema é que naqueles tempos os desejos ficavam obsoletos muito rapidamente. Se o desejo inicial da pulseira era amor infinito com o Zé do toldo ao lado , no dia a seguir afinal já era o irmão mais velho da melhor amiga, e no dia a seguir o rapaz com cabelo à foda-se avistado ao longe no Zoomarine.
O que, evidentemente, criava um problema logístico nas bases de dados de amor infinito, e nos obrigava a atualizar telepaticamente os desejos da dita 3, 4, 20 vezes quando éramos frescas.
Não espanta, portanto, que o desejo final às tantas fosse que aquela praga caísse de vez, apre.

E não fosse tudo isto chatice suficiente, quando se dava o milagre de cair ainda tínhamos de guardar religiosamente os restos mortais e fazer o quê? Deitar só ao mar era fácil de mais, não era seus burlões de Salvador da Bahia made in China?

Não senhor, tinha de se deitar na SÉTIMA ONDA a contar do…. a contar do quê, realmente? Pois, nunca ninguém percebeu.
Ou seja, 9 anos a aguentar com esta merda para depois deitar tudo a perder na onda errada.
Tu-do-bem.

Esta teria sido sem dúvida a grande candidata a moda de Verão mais parva de sempre.
Mas pronto, entretanto inventaram os terérés.

 

 

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