E aquelas pessoas que solicitamente nos massajam as costas e sentem sempre aquela necessidade repentina de virar experts em fisioterapia?
Não percebem patavina de músculos, não sabem distinguir um bícipe de um bife de perú, mas assim que põem os cotos nos nossos ombros concluem logo: “uuuuuuuui, estás tensa. Andas stressada?”
Não ando, mas agora fiquei.
Continuam com amassos vigorosos por ali fora (demasiado vigorosos, mas “tem de ser com força”, dizem) e não tardam a rematar no seu melhor tom de Dr.Oz: “Pois, estás cheia de nós” – enquanto carregam à bruta num ponto sensível com o polegar, como quem fura para encontrar petróleo – “estás a ver aqui?” – e carregam ainda mais e o tendão não tem outra escolha senão começar a badalar de um lado para o outro e causar dores agonizantes.
E nós ainda tentamos queixar-nos mas eles não estão a ouvir – “É que parece pedra!” – e dão-nos um enxerto de murraças de punho para provar o seu ponto.
Está claro que parece pedra. Se eu também enfiar o meu polegar no olho deles até chegar ao cérebro, a certa altura também há-de parar e parecer pedra.
E depois de acabarem connosco e de nos deixarem KO, mil vezes piores do que antes, concluem em experiente apoteose: “Isso é uma contratura. Tens de ir ver isso.”
Piscadela de olho e ar de quem acabou o seu turno de anjo da guarda.
Nas semanas seguintes, ainda temos de ouvir tudo sobre a urgência de substituirmos a cadeira por uma bola de Pilates, a necessidade de nos levantarmos 5h mais cedo para uma meditação matinal, e as maravilhas que pode fazer um detox à base de tisanas de lúcia-lima.
Conclusão: ou todas as pessoas do mundo ganharam um diploma em fisioterapia no pacote das Estrelitas, ou todas as pessoas do mundo estão a uma contratura de distância do Corcunda de Notre Dame.
Ou ambos, quiçá.