Incrível como no trabalho, em conversa com as gerações e em diversas ocasiões me falam nostalgicamente do “tempo das vacas gordas”.
Aquele período abstracto na História de Portugal em que alegadamente o dinheiro abundava e as famílias eram prósperas.
Falam das vacas gordas com a nostalgia de um passado recente, a dar a irritante ideia de que foi por um suissinho cronológico que não as apanhei.
Pior: fico com a sensação de que é precisamente quando chego aos sítios que as vacas deixam de ser gordas.
Naqueles tempos é que era a loucura, dizem eles, dinheiro a jorrar dos poros, salários pornográficos e negócios a brotar como cogumelos. Mas “isso era no tempo das vacas gordas”.
É triste chegar no fim da festa. É triste ser a geração em constante perseguição de um rasto de estrume e à chegada só apanhar as ossadas escanzeladas de vacas bulímicas e amestradas. É triste fecharem-nos o guichet na cara depois de 5 anos na fila. É triste chegar aos momentos excitantes da vida em modo “apertar o cinto”, vitalício até algo em contrário. É triste ser a geração do mau timing.
Mas pronto, assim como assim o tempo vai passando, as testemunhas oculares vão falecendo e isto das vacas gordas há-de virar mito urbano.
Mas até lá, era fixe avistar uma vaca gorda, um dia.
Só para pedir um autógrafo.