Classe dos 15 aos 18 anos – A Descoberta
A idade das bebidas de cores fluorescentes, que se botam pela goela abaixo sem qualquer tipo de reflexão prévia.
A descoberta do Pisang Ambon com cor de bomba de nitrogénio, o Safari Cola com sabor a xarope para a tosse, o Blue Corazón que valha-me-Deus, o vodka preto que deixava a boca como se tivéssemos lambido alcatrão fresco e, claro, o Gold Strike, que vai deixar sequelas no cérebro para sempre.
A idade do fascínio desmesurado por shots, principalmente por aqueles circenses que se bebiam em chamas e queimavam os pêlos do buço, ou aqueles que requeriam toda uma coreografia mimética de lamber o sal, trincar o limão, fazer o pino e bater palmas com as nalgas (ou, para os que já estavam demasiado trêbados e nunca percebiam as instruções – lamber as palmas, e ver o limão a fazer o pino, enquanto se trincava as nalgas polvilhadas com sal)
A idade em que o álcool era um verdadeiro catalisador de coisas novas – a primeira saída à noite, a primeira incursão pelo gregório, a primeira mentirola aos pais (“eu só bebi coca-cola, o jantar é que me caiu mal…”), o primeiro contacto com um par de maminhas de carne e osso, a primeira passa num cigarro – só que ninguém sabia travar e ficava ali uma bola de fumo desgovernada na sala, a fazer arder os olhos.
A idade em que acontecia aquele episódio que nos vai marcar para sempre: abusámos de determinada bebida, apanhámos a chiba da vida, que por sua vez nos fez bolçar bílis a noite toda e que, no dia seguinte, com um ressacão que nos deixou acamados até às 20h, nos fez jurar que nunca, nunca mais nesta vida voltaríamos a beber daquilo.
Volvidos 20 anos, bastará o cheiro de dita bebida para pôr o nosso estômago a dançar o Créu com as más recordações e inflamar um incontrolável desejo de bolçar. No meu caso, RIP Vodka-limão.
Bons tempos.
Partilhem com o amigo que vos segurou na cabecinha durante a vossa primeira incursão pelo gregório.
No meu caso, RIP Whisky com Coca-Cola 🙂