As variações do “foda-se” e o que dizem sobre o indivíduo/a que as profere:
“Fosga-se”
O indivíduo acanhado, amedrontado. O último a ser escolhido nas equipas da aula de ginástica. Encontra no “S” a absolvição moral de não estar a cometer uma maroteira a 100%. A namorada chama-lhe “môr” e manda nele. Ele gosta.
“Dasse” ou “dasss”
O indivíduo que parou em 1999, nos tempos em que era cool dizer “dá-me um coche”, “espera uma beca” e “népia”, quando o mundo ainda era composto única exclusivamente por betos VS mitras. Ainda gosta de Kelly Family.
“Fónix”
O indivíduo que em tempos foi bestialmente ordinário, mas que escolheu o caminho da redenção. Usa gel e rapa-se todo.
“Ada-se”
O indivíduo que acredita que na poupança está a virtude. Este foda-se pode não ter a compleição total da palavra com F, mas é das imitações mais libertadoras. Regra geral, o alvo da interjeição nem é digno das letras todas.
“Caramba”/“Apre”/ “Arre”/ “Chiça”/”Foge”
Ora aqui está um conjunto de indivíduos que deviam falecer, por acharem que isto equivale ao palavrão-mãe. Toda a gente sabe que à libertação interior de um 1 mero “foda-se” – uma palavra tão completa, como não há mais nenhuma na língua portuguesa, a exprimir admiração, surpresa, espanto, ressabiamento e instintos assassinos tudo num só poético conjunto de 6 letrinhas – equivalem pelo menos 365 chiças e apres ao longo de uma vida. E ainda fica aquém. Estas pessoas são um perigo público para os outros cidadãos, já que nunca chegam a exorcizar a sua fúria, vai daí que só podem ser portadores de uma grande raiva interior, e serem aspirantes a serial killers, kamikazes, life-coaches.
Ahahah, “life-coaches”!!! Esta última matou-me mesmo, que bom!
Mais um maravilhoso post, Bumba. Parabéns!