1. As pessoas que adquirem Bimbys desenvolvem uma relação evangélica com a dita.
No dia em que o ciborgue entra lá em casa dá-se o ponto de viragem bíblico AB – Antes da Bimby – para DB – Depois da Bimby – e a culinária passa a vergar-se às 12 funções do manual e às 25 receitas do livro.
2. As pessoas que adquirem Bimbys referem-se à Bimby como “ela”. Conferem-lhe um estatuto humano, de parente próximo, detentor de emoções e vontade própria.
Estatuto esse que não conferem a outros objectos de cozinha, nomeadamente ao escorredor ou à colher de pau, há tantos anos ao serviço da Humanidade. O próprio nome “Bimby” é usado a título de diminutivo fofo, que se poderia chamar ao cão ou ao namorado.
3. As pessoas que adquirem Bimbys passam a ter diálogos deste tipo: “Ela faz tudo sozinha”, “Ela programa o tempo de confecção”, “Ela pesa-te tudo.”
Ora, quem não conheça o objecto propriamente dito, não saberá que invenção robótica esperar. Uma mulher-a-dias feita de aço? Um R2D2 com batedeiras em vez de bracinhos metálicos? (poucas donas de Bimbys vão conhecer esta referência).
É que estes rumores induzem em erro, porque na verdade ela não faz tudo sozinha – é preciso pôr as coisas lá dentro do bicho. Ela não vai buscá-las ao frigorífico nem comprá-las ao Pingo Doce.
4. As pessoas que adquirem Bimbys ganham um novo “one time, in the bandcamp.”
Juntam-se a uma tribo urbana em que só se fala sobre Bimbys e passa a ser o tema preferido, debatem filosoficamente as receitas e fazem festas próprias, cheias de lasanhas e bacalhaus com natas, e tudo aquilo é uma espécie de abraçoterapia.
5. Todos os pratos que existem, a Bimby faz melhor.
Assim acham as pessoas que adquirem bimbys. Sobremesas milenares da avó, pastés de Belém, a receita secreta da Coca-Cola? A Bimby faz muito melhor.
6. As pessoas que adquirem Bimbys dormem descansadas porque ela “só custa 1 euro por dia”.
E têm um pote próprio onde colocam, todas lampeiras, o seu euro diário. Não queria ser eu a desmascarar esta inovação exclusiva da Bimby mas… dessa forma também dava para comprar o apartamento do Sócrates. Só que demorava 3 milhões de dias.
7. As pessoas que adquirem Bimbys deixam de saber acender um bico de fogão.
Desaprendem. É coisa de 3-4 dias. E depois atiram, com ar casual e dondoco, “ah é que com a bimby nunca mais usei…” Como se não houvesse culinária lá em casa antes da Bimby, as refeições eram rodízios de enlatados e a cebola picava-se sozinha. O que é este objecto metálico com uma pega? Como assim, uma “sertã”?
8. As pessoas que adquirem Bimbys gastam mais na dita do que nas refeições de uma vida cozinhadas pela dita. Porquê? Porque a Bimby vem com mais acessórios que a Barbie. Tem o seu saquinho de transporte próprio, a sua editora especial e cerca de 193897 utensílios que ninguém sabe para que servem.
9. O culto à Bimby é de tal maneira visceral que basta mencionar a Yammi ou noutra concorrente que está o caldo entornado. E é chato, porque é sabido que a Bimby custa a lavar.
10. E como adoramos ser recordistas em coisas mundanas, está claro que somos o país com o maior rácio de Bimbys per capita.
Eu tenho a Bimby e concordo com tudo o que escreveste, embora não me enquadre nesse grupo de bimby psico ladys. Não percebo este fenómeno sinceramente. A Bimby é espectacular, é verdade, mas eu não deixei de usar o fogão e admito que há coisas que não resultam tão bem na Bimby. E não, ela não faz tudo, tem de se descascar as cenas e temperar…
O ataque de riso começou ao imaginar um “R2D2 com batedeiras em vez de bracinhos metálicos”. Maravilhoso, é que é isto mesmo.
Nunca percebi as psico bimbólicas, mas tb nunca percebi os anti bimbys.
Por isso de facto deve ser muito especial para conseguir gerar tanto amor e tanto ódio.
Tb fomos o país com maior racio per capita de telemóveis um dia!
nao é ela,mas sim ele o robot bimby 😉 jajaja
Lol muito bem conseguido o texto! Parabéns! Também tenho a dita cuja! Mas sem duvida que tal como uma panela, onde, habitualmente fazia as minhas sopas, p ex., temos que cortar, descascar, lavar…todo o tipo de alimentos! Do meu ponto de vista, a mim pessoalmente trouxe m 2 vantangens: não tenho que estar dependente de determinado cozinhado, para que não passe o ponto do mesmo, portanto, mais liberdade para fazer outros afazeres do lar! E segundo: a rapidez de, en 30 min fazer sopa, 2prato e acompanhamento ao mesmo tempo! Sem ter que ter a placa vitro cerâmica a bombar com 3 bicos acessos, o fogão ao mais alto nível e o extractor a moer-me os ouvidos:-) !
Posto isto, enveredam os pelo selfmade! Do qual eu sou muito apologista, na medida em que, não tenho que me preocupar com a quantidade de açúcar, ou “EEE” traz determinado iogurte, gelatina, sumos ou até pão trazem, porque com esta máquina, adevinhem deixei simplesmente de comprar! Sendo que, a lista das compras cá em casa passou para itens básicos como a farinha, o leite, legumes, fruta, peixe, carne e pouco mais! Portanto, uma grande económia ao fim do mês! Ganhamos nós em saúde e perde o pingo doce em dinheiro! Para quem gosta de saber o que come, como eu, e não tem propriamente muito tempo, para voltar ao antigo amassar da massa, descascar a fruta toda e demorar horas a fazer uma laranjada, e ainda ter de vez em quando o jantar queimado, porque, estava a passar a ferro, e esqueceu-se da panela no fogão: é sem dúvida uma excelente aquisição! Todos os restantes: não aconselho! IDE comprar as vossas pizzas congeladas e desfrutar dos vosso sumos cheios de gaz!!! Ahhahaha