O Tinder.
Para quem não conhece, é uma aplicação de telemóvel que permite fazer likes e dislikes entre fotos de moços e moças; no caso de um like mútuo há um match, e os ditos começam a falar por chat. E é isto.

Não é a primeira app a fazer isto mas estranhamente – e a razão ultrapassa-me – está na moda. Pessoas de todas as cores e texturas estão no Tinder, amigos de infância, colegas de faculdade, dreads e agro-betos de várias origens e credos, tão casuais e diferenciados como nos tempos de liceu. Virou cool conhecer pessoas online.

Não me aborrece que o online dating tenha sido absolvido, pelo contrário. Só me perco quando ouço meninas a falar sobre o assunto e o argumento contra é maioritariamente este: “o Tinder é para engatar / os homens estão no Tinder porque só querem sexo.”

Como se:

– de raiz, isso fosse algo pecaminoso, anti-natura ou descabido de se querer;

– a lógica fosse sempre a mesma: os homens estão à caça e as mulheres são presas desinteressadas, à espera do momento áureo para ceder aos prazeres da carne e dizer o derradeiro OK ao descontrolo, para fora do habitat natural, donzelo e casto.

– um conjunto de encontros entre dois estranhos não fosse um caminho perfeitamente verosímil para duas pessoas se conhecerem melhor;

– como se poventura a iniciativa não pudesse, em momento algum, ser desencadeada por uma mulher que, imagine-se, se cansou de esperar pela intervenção divina do destino e resolveu conhecer pessoas novas

– uma relação séria brotasse apenas e só de uma bonita amizade de longa data que de repente puff, fica confusa, e é como nos filmes.

Pode-se simpatizar ou não com o conceito do Tinder, e essa é uma discussão totalmente diferente. Só me perco nesta parte tacanhamente portuguesa de galderizar qualquer mulher que se interesse activamente pelo sexo oposto.