Há bocado a minha torrada com doce caiu ao chão.
A primeira pergunta que vos apraz fazer, bem sei, é se caiu com o doce virado para baixo. A resposta é sim.
A segunda pergunta que vos apraz fazer é se quando a apanhei ela vinha com coisas do chão coladas ao doce. A resposta é sim.
A terceira pergunta que vos apraz fazer é o quê. A resposta é um cabelo.
A quarta e última pergunta que vos apraz fazer é se eu comi na mesma. E aqui deixo-vos em suspense.
Pus-me a pensar na regra dos 5 segundos. Para quem não sabe, é aquela lei que cientifica que se deixarmos cair comida no chão e a apanharmos antes de passarem 5 segundos não faz mal, pode-se comer na mesma. Se alguma vez conversasse com o visionário pouco higiénico que inventou isto, expunha-lhe as minhas dúvidas:
1. Gostava de perceber se no preciso sítio onde cai a torrada não haverá já um valente batalhão de micróbios a forrar o chão, prontos a contaminá-la. E havendo, será que demorariam 2 segundos a aperceber-se de que lhes caiu um jantar gigante em cima e outros 3 segundos a organizar-se para escalar a torrada? Nem um ácaro demora tanto, elementar Watson.
2. Gostava de perguntar também se esta regra é absolutamente universal, isto é, tão válida para o chão da nossa sala quanto para o WC portátil do Optimus Alive.
3. Gostava de perceber se outra hipótese viável é que eles se afastem propositadamente quando pressentem a iminência de uma torrada a cair na sua direcção, evacuando prontamente a área exacta onde vai ocorrer o embate, situação que não só os salva da morte por esmagamento como também explica o facto de não terem tempo suficiente para trepar (porque demoram 5 segundos a recuperar do susto, a arfar com as patinhas agarradas ao peito). É que aí sim, ficava explicado.
4. Por fim, gostava de saber se faz qualquer tipo de diferença soprar. É que tenho para mim que os ácaros são à prova de vento, e que soprar é psicológico, mas quem sou eu.
Tudo indica, portanto, que o visionário que inventou esta regra era um porco badalhoco.
E agora, comi a torrada ou não?