Ao que parece, não há nada mais irritante do que uma mulher a comentar futebol

Cristiano

Ontem durante o jogo de Portugal constatei que os meus amigos partilham todos a mesma opinião: não há nada mais irritante do que uma mulher a comentar futebol.

E eu fui forçada a concordar. Não falo daquelas que vão ao estádio e entendem daquilo, falo daquelas que não percebem um boi, não sabem quem é o treinador nem querem saber, mas não se coíbem de mandar umas larachas durante os jogos da Selecção – os únicos que se dignam a ver.

Um homem olha para o futebol de forma quase poética. Para eles não é só bola, é uma dança de lances, fintas e contra-ataques finamente orquestrada. Há ali uma estranhíssima maquinação colectiva que os faz sentir unidos a comentar a táctica, as substituições, o bujardo de cada pé. É capaz de ser o único pelouro em que têm o monopólio da sensibilidade e da reflexão, embora cocem as partes enquanto o fazem.

Só que por cada homem que fala do 4-3-3 de Paulo Bento há uma mulher no mundo a pensar que é um indicativo telefónico.

As mulheres, diga-se, são bastante básicas na sua avaliação do futebol. Gostam de comentar os penteados do plantel e a cor “pirosa” do uniforme. De vez em quando detectam um jogador “giro”, e de repente o futebol de 11 passa a ser de 1 apenas, o que veste aquela licra acetinada a forrar os peitos, e tem aquelas pernas bem torneadas, e uma agressividade sexy a galgar a relva… E tentam seguir “o giro” pelo campo fora, até o perderem de vista no quadrado da TV porque parece que a bola é que é importante seguir, onde é que já se viu.

Quando não há interesse estético por aí além, os comentários são inconsequentes e completamente aleatórios.

Uma vez resolvi perguntar, perante os meus 3 irmãos aficionados e em pleno derby Benfica-Sporting, “mas porque é que eles não marcam?!”. Pergunta pertinente para um 0-0 aos 87 minutos achava eu, mas fui linchada. Depois perguntei “Mas porque é que estão a chutar para trás?! A baliza é para a frente” e de novo fui baleada em pensamento. E por fim terminei com um grito de GOOOLOOOO quando claramente era uma repetição de um golo antigo. Desde então a minha companhia nunca foi apreciada em jogos importantes.

Já me ensinaram que pior ainda é chegar a meio da primeira parte e perguntar: “então, quem é que nós somos?” daquela forma solícita de quem não quis perder dois segundos a tentar associar o uniforme aos pantones da bandeira.

Outro clássico é perguntar ininterruptamente “Como se chama este? E este?” – um por um, para gáudio da plateia masculina que só quer beber minis e ajeitar as partes coçadas anteriormente, sem interrupções.

Desenganem-se os que acham que as vossas namoradas se interessam pelo futebol em si. Para nós, o maior acontecimento futebolístico de todos os tempos foi quando o Casillas espetou um chocho na Sara Carbonero.

Mas vibramos com a Selecção, apesar de tudo.  Também mandamos o árbitro para o baralho, ó filha da bumba. Só que à nossa maneira.

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4 Comentários Add yours

  1. Adorei o post! E sim, momento único e inesquecível esse de Casillas e Carbonero! 🙂
    Se me permites, vou também acrescentar as perguntas que o Ricardo Araújo Pereira dizia serem as mais inúteis que as mulheres fazem sobre jogos da bolo “este jogo é com quem?” e “é para quê?” 🙂

    1. Permito pois!
      Perguntas muito pertinentes, essas. O “para quê” não é totalmente óbvio para nós, afinal são 11 macacos atrás de uma esfera…

      Obrigada!

  2. Mystic's diz:

    Concordo inteiramente, o melhor momento de sempre do futebol foi o Casillas-Carbonero!

  3. Belo texto 😀 é que é mesmo assim!

    Eu acho que eles preferem mesmo ver os jogos sossegados, sem os comentários femininos à mistura… que normalmente não são muito oportunos xD

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