A velhota de autocarro que há em mim

Aquele momento em que me apercebo de que estou perigosamente perto de me tornar nesta espécie de panda.

PANDA

Estou naquelas semanas em que me considero um pobre mamífero vitimizado pela selva. Consegui canalizar 70% do meu discurso em queixas, queixinhas e queixumes. Ai, o trabalho. Ai, a chuva. Ai, o sol. Bravo. Nos outros 30% também não estou propriamente a fazer o contrário de me queixar, que seria rejubilar, antes estou naquele neutro-neutro funcional, que é quando se pede o galheteiro, prefiro adoçante, era a conta.

Estou a soltar a velhota de autocarro que há em mim. Hoje como hoje é véspera de fim-de-semana vou exorcizá-la. Esta vadia de cabelo grisalho e Lisboa Viva em riste não me vai atormentar mais. Chega de me trazer amarguras cinzentas que não têm nada a ver com o tempo lá fora. Chega de me encarquilhar o juízo, que esta idosa é velha mas tem um coração de 26 anos, fortíssimo.

Contas feitas, devia ter levado uma bolachada de alguém lá para terça-feira. Mas de alguma forma cheguei a sexta e ainda tenho amigos, vá-se lá entender. A todos os que me aturaram esta semana, um sentido pedido de desculpas. A mim, que me aturei esta semana, auto-desculpa-me.

 

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