O Macgyver nunca teve de comprar pensos higiénicos

Periodo

Os homens reagem de uma forma bastante símia à terminologia da menstruação.  E por isso mesmo, não há nada mais hilariante do que pedir a um homem para comprar pensos higiénicos, tampões ou toalhetes íntimos. É deixar o pedido no ar e esperar pela reacção: o medo, o embaraço, o asco, o sentido de dever a cumprir, como se de uma missão SWAT se tratasse.

Pôr um homem a olhar para a prateleira de higiene feminina no supermercado é como pedir a uma mulher para levantar o capô do carro e fazer uma análise crítica do seu conteúdo. Aceitar comprar tampões significa, por si só, incorrer num atentado à masculinidade e à ordem natural das coisas.

E depois, para quem está habituado a que a escolha mais difícil da vida seja Sagres ou Superbock, vêem-se de caras com a variadíssima oferta de cores, texturas, preços e feitios, e surgem as dúvidas existenciais, em silêncio, nos seus pequenos cérebros :

– Qual escolher? “Ausonia Sensitive ou Evax Fina e Segura? Se comprar sensitive, ela vai achar que eu não a acho suficientemente fina e segura e vice-versa, de uma forma ou de outra já me lixei. E não sei qual será mais ultra/super/hiper absorvente, todos parecem querer absorver o ser humano inteiro para dentro do algodão. E depois transformam o fluxo em pérolas de gel. Que feitiçaria é esta?” Começam os calafrios.

– Tipo de fluxo? – Aquela escala de gotinhas na embalagem, a categorizar o fluxo de normal até muito abundante, é suficiente para semear o terror. Na cabeça do homem conclui-se que existe uma pequena torneira no útero da mulher, com maior ou menor pressão. Uma luzinha acende: “a mulher anda sensível nestes dias e agora percebo porquê: um passo em falso e temos uma inundação.” E com isto começa a suar das patilhas.

Tampão com aplicador ou sem aplicador? – Várias dúvidas assolam ao mesmo tempo: ” mas isto entra por onde? E entrando, fica? Ou passeia-se pela corrente sanguínea, como um bon vivant? E, aqui entre nós, toda a gente sabe que as coisas que possuem aplicador fazem sofrer, se não fizessem aplicavam-se por si, como a espuma da barba ou um Guronsan.” Curto-circuito cerebral.

– Com abas ou sem abas? Ao olhar para o bonequinho da embalagem, há sempre algo na intimidade do cérebro masculino que acredita piamente que o penso higiénico levanta vôo com aquelas duas badanas de algodão. “A única diferença será então que alguns pensos são terrestres e os outros são alados, porque parecem francamente iguais no resto.” E pronto, taquicardia.

Quando sai do supermercado, escusado será dizer que se esqueceu das ervilhas, do Swiffer e de tudo o resto que estava na lista.

E não admira que cada vez que lhe pedimos para tirar qualquer coisa da nossa mala não queira meter lá a mão, com medo que de lá salte um tampão com pernas e comece a subir pelo braço acima, com olhar assassino.

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3 Comentários Add yours

  1. Ines diz:

    Mariana, que artigo genial!! Como sempre, parabéns! 🙂

  2. sara seruya diz:

    escrever tão “à la légère” (franciu´do melhor) sobre tamanho tabu é obra!!!! DE MORRER A RIR!! Did I mention sentido de humor nas tuas características/qualidades, no perfil pedido???

  3. Josélito diz:

    now that you mention it, can’t recall one single occasion in my married life of 29 years in which I was in the mere vicinity of such an awkward situation… thank God my lovely wife never had that crazy idea!!! in fact she introduced me to some other crazy ideas…

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