Um dia vou limpar o sebo às pessoas que deixam derreter o rebuçado até ao fim em vez de o trincar. Pessoas hipócritas que encaram com frieza o martírio que é chupar a última pepita de doçura até à sua completa extinção. Que aguentam passar essa fronteira – de sólido a vapor salivoso – sem sofrimento de perda. Trincar é um acto de amor. É uma eutanásia suave desferida em sangue frio pelos molares cá de trás, entre o siso e a falta de siso, não sem gentileza, não sem coração. Depois vem o tártaro e vai-se o cálcio e onde jazia o coração fica a cárie, o amor em souvenir dentário.
Indivíduos que não trincam são da mesma estirpe que os invidíduos que apreciam algodão doce – a sua existência num segundo, a sua desmaterialização no outro – sem formar bolo alimentar. Não podemos propriamente dizer que “comemos” algodão doce. É um fantasma açucarado, não se mastiga nem se engole e quando foi, já era.
Também odeio os indivíduos que acham que um quadradinho de chocolate “chega”. Odeio-os ainda mais quando arrancam a fila da frente da tablete, e tudo indica que a vão comer inteira, mas depois começam a partir a fila em 2 pares, e esses 2 em 4 avulsos, dos quais só comem UM. E guardam o resto. Mas que pouca-vergonha é esta? O chocolate não conhece outro advérbio temporal para além do AGORA. “Tarde”,”depois” ou “logo” são heresias ao cacau.
Não há lugar para nós no mesmo planeta.
bumbanafofinha.com 
Eu sou a pessoa apelidada de esquilo dos doces: se me derem um chupa-chupa ou um rebuçado, armazeno-o na bochecha e dura e dura e dura… 🙂 Não é por mania, nem por achar que devo despachar a coisa, simplesmente esqueço-me dele e deixo-o estar.
No entanto, infelizmente, tal não acontece com o chocolate e um só quadradinho não chega (se for de avelã, nem dois!). Só por causa disso, até vou ali atacar o meu Milka!
…o problema é que o meu “agora” com o chocolate se resume a uns míseros segundos e a conjuntos de filas de 300gr